Ajuliacosta lança “Novo Testamento” e mostra por que é a 01 da cena
- LUIZA HELENA DA ROCHA
- 16 de set.
- 4 min de leitura
Atualizado: 17 de set.
Senhoras e senhores, estamos falando de um dos melhores álbuns de rap do ano! "Novo Testamento” chegou às plataformas de streaming nesta segunda-feira (15/09), às 23h59, trazendo uma sonoridade que mistura aquela vertente clássica do rap, como o boombap do fim dos anos 1980, com a contemporaneidade do trap.

Ela já começou entregando tudo na capa, diga-se de passagem! Em um disco com 11 faixas inéditas - sendo uma intro e um interlúdio - e sem feats (porque ela se garante!), Ajc mais uma vez mostrou por que conquistou o BET Awards 2025 de Melhor Artista Revelação Internacional.
Apesar dos rasos 25 minutos de som, o disco conta com a produção musical espetacular de Maffalda e Greezy, além das participações de KL Jay e Mu540. E nesse cenário repleto de vozes masculinas, a rapper paulista cria refrões recheados de potência e empoderamento feminino.
Uma das coisas que eu mais analiso e valorizo em um álbum é a sua coesão - e isso ela soube fazer muito bem! Ajc mantém um ritmo absurdo do início ao fim, mesmo explorando tantas vertentes do rap e até mesmo explorando um pézinho no R&B durante o disco.
Gostaria de deixar claro que existem (pseudo)artistas que fazem música apenas para hitar no TikTok, e existem artistas que fazem música de verdade e, consequentemente, alcançam o topo das paradas. Esse é o caso de Aju: para fazer sucesso, ela só precisa existir e seguir fazendo o que acredita. E é por isso que o álbum dela só tem hit. CANETA PESADÍSSIMA!
Novo Testamento
Intro
Eu amo as introduções dos álbuns porque eles basicamente nos preparam para o que vamos ouvir e nos fazem entender qual o sentido do disco. Nele, Ajuliacosta canta:
“Senhoras e senhores, sejam bem-vindos ao Novo Testamento. O novo não tememos, recusamos o mesmo. Apreciamos o tempo, aprendemos com a vida. Ninguém aqui tá de toca e nem vai morrer falida. Nem se vender por pouco, nem se render a merda. É o Novo Testamento, a nova descoberta.”
Só aqui ela já mostrou para o que veio e para quem é destinado esse Novo Testamento. É a vez delas. A cena é delas.
Toc Toc Toc
“Toc toc toc, a bandida tá na casa!” A primeira faixa produzida por Nave Beatz já começa com um flow vibrante de boombap enquanto Ajc canta “o algoritmo do trap me deixa no tédio”.
Quero saber
Aqui ela foi perspicaz demais! Faixa produzida por Greezy, “Quero saber” flerta com o R&B trazendo uma interpolação de Liniker e tem uma letra afiadíssima.
“Mostra o seu talentinho, a indústria tá faminta. Liga a afronta, faz gracinha, bebe tudo, toma um porre. Pro entretenimento, você é mais um fantoche e eu que não sou santa, mas tô sempre em alerta. Filha, eu estudei essa porra, não caí de paraquedas. Eu quero saber se você vai correr ou não de mim”
Dharma
A palavra que carrega o título da música geralmente se refere à verdade, lei, dever ou o modo correto de viver. E é com um beat pesado que Ajc rima essa verdade com uma dose de autoestima altíssima dizendo “O que eu quero, eu consigo. Pode ir embora, filho, eu fico comigo”.
E como ela mesmo diz na letra: “Eu tenho 20 e poucos anos, sou negra, sou bonita e, você sabe, minha comunicação não falha”.
O que a Júlia vai ser?
Essa aqui ela escreveu com uma caneta de fogo, não é possível! Com um refrão marcante, eu já estava cantarolando essa desde que ela apresentou essa no The Town. Ela já começa a música soltando a fatídica frase: “O inferno é igual coração de mãe, sempre tem espaço pra mais um filho da p***”.
Ajc canta sobre o cenário da música (e especialmente o rap) que vivemos, relata seus desafios e mostra por que é a 01 da cena.
Liberdade
Devo confessar que, até o momento, essa é minha favorita. A hora que dropa o beat enquanto ela canta “Nasci livre, vivo livre, morro livre sem seu medo. Não te vejo, não te enxergo e não sinto seu recalque” é absolute cinema!
Aqui ela usou a batida clássica de um hip hop pesado e escreveu uma letra pesadíssima com um flow absurdo.
Sob a luz do seu olhar
Bandidas também amam! Depois da explosão de “Liberdade”, Ajuliacosta também mostra seu lado romântico com a música “Sob a luz do seu olhar”, faixa produzida por Cheeck e com a voz da cantora paulistana Alt Niss, dando todo o toque R&B pra faixa.
Essa é famosa música pra assumir ficante nos stories!
Acorde
Com áudios da sua produtora na faixa, a rapper questiona a vida e a arte em mar sem peixes. A faixa conta com uma pulsação aliciante, formatada com produção de Mathinvoker e Xizoh.
Interlúdio [MINI SAIA]
I <3 interlúdios! Esses trechos presentes nos álbuns fazem toda a diferença para quem realmente aprecia um disco como um todo. Ajc tinha apenas 53 segundos para soltar a braba e ela realmente fez um interlúdio de respeito com uma letra nos lembrando do seu famoso hit em “Poetisas no Topo”.
Pense como uma diva
Aqui ela soltou o verbo feminista dizendo: “Mesmo que na merda, pense como uma diva”. Além disso, trouxe mais uma interpolação do clássico do grupo Racionais e fez sua própria versão colocando as mulheres no topo. Realmente, ela sempre pensa como uma diva!
Fiel a mim
Piscou, acabou! Essa é a sensação ao chegar ao último som do álbum. Aqui, Ajuliacosta reforça seus princípios e ideologia na faixa produzida pelo Mu540.
“Não importa o que aconteça, fiel a mim até o fim”.
A mudança do beat no final da gravação também traz todo um diferencial e encerra o disco mostrando que a rapper consegue explorar várias vertentes do rap sem deixar de lado sua essência e genialidade - sendo fiel a si mesmo até o fim.
Encerro meu breve review dizendo que, sem dúvidas, Ajuliacosta faz parte de uma prateleira especial de grandes talentos a nível nacional. No rap feminino, então, nem preciso comentar. Ela vive com os grandes porque ela é gigante.
O que ela tem feito pela nova geração de mulheres na música, com apenas 27 anos, é realmente engrandecedor. E digo mais: além do flow e da caneta pesadíssima, o que ela faz no ao vivo poucos fazem. Ela simplesmente nasceu pra isso. Tem presença de palco e exala confiança e autoestima.




Comentários